Francisco de Goya (1746-1828) ou Asensio Juliá?
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Sempre achei que a arquitetura devesse ser como uma música flamenca; Lucio Costa dizia que uma vez comprovada a funcionalidade do programa ou do objeto construido, o resto seria arquitetura, concordo plenamente e acrescento uma visão pessoal de que o resto seria musica flamenca petrificada. O resto seria o tesão, o ódio, o amor, a carne, o grito, o choro, o gozo, assim como nesta mais humana das formas artísticas, onde o próprio corpo serve de instrumento; seja nas palmas secas e ardidas, ou no trote quase animalesco das pisadas compassadas intercaladas pelo toque das pontas dos dedos em castanholas que se interrompem por gemidos viscerais como som de uma alma em ebulição.
Hoje dentro do meu carro, andando pela cidade, começou a tocar no radio o movimento largo da ópera “Xerxes”(Serse) de G. F. Handel que me fez fechar os vidros e aumentar o volume. Ao abafar o barulho urbano, deixando-o quase como uma apresentação mímica em movimento allegro, a melodia transformou a cena externa ou quem sabe a minha percepção daquilo que via e comecei a acompanhar a vida cotidiana quase que amortecido ao alcançar um ponto de suspensão que talvez apenas a música, dentre as artes, permita que isto aconteça.
Hoje dentro do meu carro, andando pela cidade, começou a tocar no radio o movimento largo da ópera “Xerxes”(Serse) de G. F. Handel que me fez fechar os vidros e aumentar o volume. Ao abafar o barulho urbano, deixando-o quase como uma apresentação mímica em movimento allegro, a melodia transformou a cena externa ou quem sabe a minha percepção daquilo que via e comecei a acompanhar a vida cotidiana quase que amortecido ao alcançar um ponto de suspensão que talvez apenas a música, dentre as artes, permita que isto aconteça.
Talvez isso devesse ser o meio humanoarquitetônico; criar pontos de suspensão na alma flamenca daquilo que vemos e somos.
Muito muito muito bom este texto! Espero que possamos ver esta massa urbana cotidiana que nos sufoca de outra perspectiva! Ailin
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