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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

IGREJA COMUNITÁRIA
PROJETO PREMIADO - JOVENS ARQUITETOS IAB
arq. Adriano Carnevale Domingues CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIA-LA


Olho para o céu buscando a Deus e sinto que minha fé quebra a realidade quando vejo o movimento das coisas que me cercam e que só existem para mim da forma em que posso percebe-las. Para cada um o mundo é feito, não para todos. Crio a dimensão e a enquadro.
Olho para o chão buscando a Deus e sinto meus pés parte dele; pois só me descolo por um instante para logo encontra-lo, quem sabe talvez até com minhas mãos.
Cada pessoa se conhece subjetivamente por “EU” e se analisa por partes de uma total complexidade que existe pela relação entre inúmeros “EUS”.
Só apenas nos seres humanos esta relação chega ao ponto da filosofia que em todo o resto se caracteriza por um ciclo de coação irracional com a mesma classificação de “EUS”.
Então, sinto a somatória de indivíduos, de percepções diferentes, de um ser só, de EU, de EUS, de DEUS. Então se olho para o céu, busco puramente à contemplação e se no chão me encontro, movimento-me para a percepção de “D(EU)S”.
A obra será implantada de modo que não separe a natureza presente no local e permita que os fiéis e padres criem relações das partes em que a construção enquadrará da criação divina.
De formato retangular, uma marquise plana periférica, à 4,00 metros de altura, delimitará, a uma primeira visão, o corpo construído. Esta marquise, simbolicamente, coroará a cobertura que levemente inclinada apontará tanto para o solo quanto para o céu; como em sinal de respeito, esta “cabeça”, agora coroada, louva e se une a toda a criação.
Esta cobertura central permitirá que a nave e o altar da igreja tenham a luz solar como principal iluminação e a perspectiva do céu como fundo ou parte da nossa visão.
O altar tem ao fundo duas paredes desencontradas de 2,50 metros de altura e 30 centímetros de distância que as separam no eixo central da igreja.
Esta distância, criada pelo desencontro, forma a haste vertical da cruz tendo o sacrário como único ponto de encontro destas paredes e base da mesma cruz.
No topo destas paredes, no sentido do seu desencontro central (haste vertical) para os seus lados, há um desnível de aproximadamente 30 centímetros a fim de formar a haste horizontal da cruz; e por fim, uma coroa de espinhos pendurada sobre todo o conjunto.
Atrás do altar, seguindo o mesmo eixo central, fica uma área reservada para o confessionário. Do lado esquerdo fica a sacristia/sala de reuniões com acesso tanto interno da igreja como externo para o sanitário de uso exclusivo do padre e acesso aos confessionários. Do lado direito estão os sanitários masculino e feminino, sendo um, dimensionado para a utilização de deficientes físicos; e um sanitário de uso exclusivo do padre, todos com acesso externo à igreja.
Envolvendo toda a igreja, um sinuoso fechamento de estrutura metálica circular com distância de 1,20 metros cada, com placas de perfil de madeira revestido de juta tratada filtram a luminosidade e visão, permitindo quando destravadas, seu movimento ao vento e percepção ao tempo enquadrado em imagens da complexa criação. Estas placas de madeira e juta poderão ser manufaturadas pela própria comunidade, a fim de reduzir o custo da obra e incentivar a união comunitária.
Este revestimento de juta tratada acolhe os fiéis junto à natureza e remete à vestimenta e manto de Cristo; uma vez que a cruz posta no exterior, inclinada junto ao solo, indica a sua presença e quem sabe sua passagem.
Os bancos de madeira estão dispostos nas laterais da nave a fim de liberar o eixo central que liga o exterior ao altar e que será revestido com cimento queimado facilitando a locomoção dos fiéis; uma vez que o piso sob os bancos será de pedras de paralelepípedos sobre o solo sem a utilização de cimento para o seu travamento, propositalmente fará com que cada indivíduo preste atenção ao solo em que pisa, na vida em que brota espontaneamente sob seus pés, alterando seu ritmo e o levando a respeitar nossas próprias fragilidades.
Os sentidos levarão à percepção individual da obra e o que a emoldura.
A visão criará focos de luz, sombras, infinito, fragmentos e totalidade. A audição ampliará o volume daquilo que existe mas nos é por vezes invisível. Os materiais que só através do tato nos mostrará a identidade daquilo que nos cerca de várias texturas e movimentos; filtrando em nosso olfato, cheiros trazidos pelos ventos.E por fim, receberemos o corpo de Cristo em nossas bocas e todos os sentidos nos levarão à percepção de d(EU)s.
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